Com o carro autônomo, haverá motorista no futuro?
Hoje trazemos a segunda parte da reportagem sobre mobilidade e o futuro do carro. Na primeira, você viu como é o funcionamento de um veículo autônomo e como a Internet das Coisas vai ajudar esse tipo de automóvel a encontrar as melhores rotas e, finalmente, dirigir sozinho.
Essas duas partes da nossa reportagem especial se complementam, uma vez que você entende as projeções dos especialistas da seguinte maneira: se esse carro consegue dirigir sozinho, será que precisaremos de tantos carros nas ruas e garagens? Segundo nossos entrevistados, o compartilhamento de veículos, que será intensificado a partir das novas tecnologias, trará transformações significativas para as montadoras, que tendem a sofrer com redução no número de vendas. E, se o perfil do consumidor já está mudando, haverá espaço para os motoristas? É o que vamos responder agora. Confira!
Compartilhamento de veículos
Com esta modalidade voltando ao normal, pós-pandemia, os custos de utilização dos serviços de carros por aplicativo devem diminuir: “O uso compartilhado de veículos foi mitigado pelo receio de contágio e as necessidades de isolamento social. Mas, aos poucos, até mesmo o automóvel compartilhado retornará, por ser uma forma eficiente de deslocamento com baixos custos”, alega Cristiano Baratto, presidente do Instituto de Estudos de Transporte e Logística (IET).
E com o carro autônomo, o serviço de corridas pode ficar ainda mais em conta, pois não haverá a necessidade de remunerar um “profissional do volante”. “Alguns serviços, com a utilização dos carros autônomos, têm a tendência de ter o seu custo reduzido. Por exemplo: Uber, ou serviços de táxi, quando realizados por veículos que dirigem sozinhos, ficarão mais em conta para o cliente final”, diz Roberto Marx, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI/USP) e coordenador do MobiLab, Laboratório de Estratégias da Indústria da Mobilidade.
Mas o que determinará o avanço dos carros autônomos e compartilhados é, dentre diversos fatores, o comportamento do consumidor. Pesquisas indicam que o perfil do cliente está mudando e isso vai impactar, diretamente, na venda de carros. “A comercialização de novos modelos não vai diminuir somente pelo fato de tudo estar conectado e autônomo, mas já observamos uma tendência das novas gerações: elas estão abrindo mão de carros próprios. Há uma propensão a diminuir a propriedade dos carros e os jovens preferirão utilizar o automóvel de maneira compartilhada, alugar quando necessário ou usar serviços públicos. O emplacamento para particulares diminuirá também pela questão cultural. Prova disso é que já não se vê, em edifícios mais novos, tantas vagas de estacionamento como no passado”, justifica Marx.
Cristiano Baratto confirma esta projeção. “A venda de veículos para particulares deverá ser reduzida, especialmente por observarmos que os jovens não têm o carro como prioridade de consumo e pensam nele apenas como meio de transporte, podendo ser alugado ou compartilhado por vários aplicativos”.
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Montadoras em crise
Se a venda de carros vai diminuir, como as montadoras vão sobreviver nesse futuro? Segundo pesquisadores, muitas fabricantes já estão mudando seu modelo de negócio para se encaixarem nesse próximo passo da humanidade. “Várias montadoras já estão se apresentando como organizações do ramo de mobilidade, não mais como indústria automotiva que apenas produz e vende carros. Isso ocorre não só pelo fato de, no futuro, passarmos a usar carros conectados e autônomos. Elas já estão entrando em vários outros tipos de negócio e modais de transporte, como serviços que farão concorrência a Uber. As fabricantes estão comprando parcelas de empresas que prestam esse tipo de serviço em busca de uma saída”, explica o professor da POLI/USP.
E Roberto Marx complementa. “Empresas que fabricam carros não têm todas as competências para prestar outros tipos de serviço. Por isso, estão fazendo parcerias com empresas de tecnologia — que não são do ramo automotivo, como Google e Microsoft — para, juntas, disponibilizarem serviços de mobilidade.
Para exemplificar esse argumento, a BMW já anunciou uma Base Conjunta de Inovação (oficialmente denominada “Alibaba Cloud Innovation Center – Base Conjunta de Inovação da BMW Startup Garage”) que iniciou suas operações na Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico Jinqiao de Xangai. “A BMW e a Alibaba aproveitaram seus respectivos pontos fortes e recursos para capacitar as startups chinesas de tecnologia a expandir suas inovações. O foco das startups na Base Conjunta de Inovação será em produtos, soluções e serviços inovadores que façam a ponte entre a internet, a Internet das Coisas (IoT) e a indústria automotiva”, declara João Veloso Jr, executivo da BMW.
Cristiano Baratto reitera: “As montadoras deverão criar marcas próprias para focar em serviços de mobilidade, onde pessoas procuram racionalmente o melhor custo-benefício. Já existem fabricantes apostando nisso, com divisões internas focadas em cada perfil de cliente: locadoras para empresas, assinaturas para pessoas físicas e jurídicas”.
Haverá motorista no futuro?
Apesar da criação e evolução de diversos modais de transporte, o carro será relevante para uma parcela da população. Os veículos autônomos vão tomar conta das ruas. Desta forma, haverá espaço para os motoristas tradicionais? Onde será possível dirigir o próprio carro?
Segundo o presidente do Instituto de Estudos de Transporte e Logística, o “motorista raiz” só poderá dirigir em locais apropriados: “Nesse futuro 100% autônomo, as pessoas que desejarem dirigir, terão que utilizar pistas de autódromos para praticar a direção. Haverá grande polêmica na produção de leis para vetar o uso de veículos conduzidos por motoristas junto com os autônomos”, afirma.
Mas há cenários menos pessimistas: “A Carteira de Habilitação não será algo inútil e nem vai desaparecer. As pessoas continuarão alugando carros, comprando e dirigindo. Vai haver espaço para que as pessoas continuem trafegando e essa interação com os carros autônomos vai acontecer. Certamente, vai mudar a maneira de conduzir, mas haverá uma convivência. O carro continuará sendo um objeto de desejo — talvez para uma parcela menor da população, mas continuará”, esclarece o coordenador do MobiLab.
João Veloso Jr explica como deve ser o convívio entre carros inteligentes e os “normais”. “Em um primeiro momento, acredito que teremos vias dedicadas para autônomos, e é importante pensar que esta tecnologia chega para somar ao que existe hoje. Estes novos veículos precisarão interagir com o parque circulante atual e o motorista terá a opção. O carro autônomo será ideal para deslocamentos urbanos de rotina, mas o prazer de dirigir sempre terá seu espaço”, defende o executivo da BMW.
O importante mesmo é sempre rodar em segurança, independentemente do fato de o carro dirigir sozinho ou não. Por isso, nada melhor do que um seguro confiável, na palma da sua mão e 100% digital. E, como dito pelos especialistas, é o consumidor quem determina o que é melhor para o seu estilo de vida. Por isso, na Youse você pode escolher entre o Seguro Auto e o Seguro Auto por Km. Um seguro #doseujeito é o que vai te dar autonomia para ficar numa boa hoje, amanhã e num futuro cada vez mais conectado.